'Brasil qual é o teu negócio, o nome do teu sócio? Confia em mim...'

Publicado  sexta-feira, 22 de março de 2013



Por Tamyris Torres

O Brasil é um país dicotômico em sua essência. Somos um povo que ao mesmo tempo possuímos riqueza abundante entre uma sociedade, mas também chegamos à miséria extrema e todos por aqui falamos a mesma língua: o português. Somos um grupo étnico que nos esforçamos para sediar notórios eventos esportivos, mas não tratamos com a mesma importância ao fato do imbróglio entre os índios e os homens brancos na Aldeia cujo nome, em tupi, dá vida ao estádio ao lado da mesma: o Maracanã.

Há muito tempo estamos dando atenção a coisas erradas. Não que sediar a Copa do Mundo, em 2014 ou as Olimpíadas, em 2016 seja uma delas. No entanto, a meu ver, estamos fazendo isso errado. Damos prioridade a mostrar a todos os outros países o que somos capazes de fazer e fazemos de forma impressionante!

Exemplo prático disto é que a Justiça Federal está desapropriando a Aldeia Maracanã somente porque ali será construído o Museu Olímpico. Tenho certeza que, se não houvesse outro destino para àquelas terras, os índios continuariam ali por anos a fio. Nossas autoridades, por muitas vezes, fazem o certo com a ideia errada. Pois o governo e o município já deveriam ter dado aquelas famílias indígenas e todas as tribos que lá vivem outras oportunidades de se manterem em outro lugar.

Oferecer agora R$400,00 reais mensais de Aluguel Social ou dar condições para que os índios voltem ao seu lugar de origem é muito mais que bondade, é ‘business’. Mas como agora o calo está apertando, essas mesmas autoridades os veem, infelizmente, como uma pedra no sapato. Parece birra dos homens brancos que foram coibidos de montar um estacionamento nas imediações do Maracanã visando a Copa do Mundo. 

As reações da classe artística, de políticos e ativistas impediram que o Governo do Estado não optasse pela demolição, mas também não se deixou por isto mesmo e como resposta às reações foi anunciado que os índios teriam de deixar o local da mesma forma, pois seria construído o Museu Olímpico e disto eles não abrem mão!

Não me espantará se, no próximo ano, o trânsito no Rio de Janeiro não dar um nó. Eu não estou me desesperando com os prazos para entrega do Maracanã. E tampouco ficaria assustada se umas 20 linhas de trem e metrô aparecessem, por assim dizer, do nada. É como eu disse: no Brasil tudo acontece, mas quando se tem um interesse.

Só que antes de 2014 e 2016 temos problemas a resolver. Durante as manifestações de ontem, dia 21 e hoje, dia 22, o Rio de Janeiro continuou com seu habitual caos do trânsito, porém com uma pitada a mais de pimenta nesse caldeirão. As manifestações no entorno da Aldeia estão causando problemas no trânsito e para variar nós entendemos isto como normal. Deve ser porque já nos acostumamos a sair de casa com 40 minutos de antecedência já visando os impasses que encontraremos no caminho.

O mais entristecedor disso tudo é que vamos passar por esses problemas, vamos pular, rir e nos divertir na Copa e nas Olimpíadas e quando tudo voltar a ser como era antes das mesmas, vamos fazer piadinha sobre a mesma situação em qualquer mesa de bar.  O Brasil não está pronto para sediar eventos como estes, mas não pela infraestrutura. Nós não estamos preparados porque nos falta maturidade social.

É por isso que a decisão do poder público em atingir o Estádio Célio de Barros, o Parque Júlio Delamare e a Escola Municipal Friedenreich somente porque estão no caminho das obras de mobilidade urbana visando à Copa do Mundo 2014 é tratada como figura coadjuvante nos noticiários dos principais jornais do país. 


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