Por Jorge Madureira
E não me venham falar que as mais modernas simulações de
computador confirmam que o Pelé seria Pelé até em Marte (se lá existisse água).
Até mesmo porque, se na época do Pelé fosse possível prever
os Messis e Neymar do futuro, ninguém se renderia ao tamanho do talento dos
prenúncios.
Não é possível comparar Pelé com Neymar, Fangio com
Schumacher, Zuckerberg com Bill Gates. Infelizmente, o tempo, embora não se
canse de nos presentear com esses talentos de época em época, não permite que o
ser humano pratique o exercício dispensável, nestes casos, da comparação.
É inútil comparar. Só resta reconhecer as grandezas. E não
há dúvidas sobre a grandeza do Neymar, assim como não tínhamos do Denner, como
nunca foi contestável o talento do jovem Ronaldo quando surgiu. Se a mídia pede
paciência para anunciar oficialmente o craque é porque ela, num passado não
muito distante, se envolveu mequetrefemente na propaganda enganosa de alguns
boleiros que foram parar lá pelas bandas da euro-ásia.
Não importa a cor do cabelo, a mulher que ele está ‘pegando’,
se foi expulso por imaturidade, se foi expulso porque não tolera a mediocridade
da arbitragem e dos adversários. Nada disso importa quando o assunto é o balé
flutuante e imprevisível do Neymar.
O Pelé, do alto de sua majestade, não tem que dar toque em
ninguém. Se ele continuar dando muitas dicas, daqui a pouco surge um novo Rei.
E, com certeza será época de simulações virtuais mais convincentes. O Pelé,
como sua alteza, só deveria afirmar: "Neymar, talento puro. Até pra ser
expulso".
A magia do Rei dentro do campo foi tanta que não sobrou nem
um pouquinho de irreverência para cativar as gerações que vieram depois. São
outros tempos. Outra época. Se ele falasse 10 segundos da Xuxa ninguém colocaria
em xeque sua majestade.
Aliás, na minha época, a comparação era Romário x Pelé. A
única certeza que tenho é que o Romário foi Rei por um dia quando disse que o
Pelé calado era um poeta.
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